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Desde que minha pequena Melina nasceu precisei rever minha rotina, reorganizar meu tempo e redefinir minhas prioridades.
O trabalho de cuidar de um bebê - integralmente e sem ajuda de terceiros (leia-se família, amigos, babás ou creches) - significa uma jornada de 12 a 15 horas ininterruptas diariamente. De segunda a segunda, sem direito a sábados, domingos ou feriados. Além disso, é um trabalho que exige do corpo e do psicológico também. No final do dia, o cansaço é enorme, o corpo fica moído e a mente não tem disponibilidade para trabalhos extras. Dependendo do bebê é possível ter uma noite de sono. Nem sempre isso acontece, algumas mães não tem essa sorte por longos meses. Privação de sono faz parte da maternidade, em menor ou maior grau.
Além do disso, a opção de parar de trabalhar me obrigou a rever minhas prioridades em relação a dedicar meu tempo - escasso e precioso - a atividades não remuneradas como, por exemplo, redes sociais e o blog.
Em outras palavras, por que continuar a escrever o Lar Dulci Lar? Essa atividade demanda um tempo enorme de pesquisa, redação e edição. Exige dedicação, criatividade, foco e o retorno financeiro é nulo atualmente. "Vale mesmo a pena continuar?" Me questionei muito. Vale dedicar minhas horas de sono, de descanso, de lazer, de um bom filme escrevendo aqui? Por que eu faria isso afinal?
A resposta para meus questionamentos veio de uma maneira bem simples e bastante direta. Em uma tarde, no grupo de amamentação do qual faço parte (sobre o qual escreverei um post dedicado), eu estava conversando com uma mãe cujo bebê de seis meses de idade estava com dificuldades na introdução de alimentação sólida. Ela tinha dúvidas quanto aos ingredientes, o preparo, a consistência da papinha, a melhor forma de congelar. A situação era angustiante para ela, porque a licença maternidade estava chegando ao fim, esta mãe estava prestes a voltar a trabalhar e o bebê, que ia ficar na creche, não estava aceitando a comida.
Nós duas conversamos a respeito desse assunto. Eu, que no primeiro mês de papinhas penei bastante entre panelas, hortifrutis, receitas na internet, livros e uma pia apinhada de louça suja (típico de quem não tem muita prática na cozinha), estava mais confiante e familiarizada com o processo. Consegui, eu acho, dar algumas dicas e me coloquei a disposição da moça para ajudá-la como fosse possível. Quando encerramos a conversa, eu voltei para casa pensando: "Eu podia postar no blog algumas receitas básicas de papinhas que fiz para a Melina, com algumas dicas de preparo. Acho que vai ajudar algumas mães."
Bingo! Ao ouvir esse discurso interno, a resposta para meus questionamentos quanto ao blog ficou clara. Compartilhar, dividir, conversar, trocar. É isso que eu gosto de fazer. Este é, sem dúvida alguma, um traço marcante da minha personalidade. Se leio um livro e gosto dele, logo quero indicá-lo para os amigos que eu acredito que vão se identificar e gostar. Se descubro algo prático que facilitou minha vida, logo posto em alguma rede social porque acho que pode ser útil para mais alguém. E faço isso a troco de quê? Pelo puro prazer de compartilhar. Porque a gente estender a mão - ainda que com uma palavra, uma dica, uma idéia, uma troca de experiência - pode iluminar o caminho de muita gente.
Nem tudo nesse mundo precisa ser pago. E, nesse quesito, a blogosfera é muito generosa. É claro que há meios de remuneração para blogueiros que dedicam seu tempo e conhecimento para escrever. E acho justíssimo. Mas o leitor tem acesso gratuito (não estou contando a conexão né gente?) a um conteúdo enorme e sobre quase tudo neste mundo em blogs. E ainda pode comentar, interagir, perguntar, fazer uma amizade com o autor, contribuir.
Foi assim, em uma conversa informal e despretensiosa que, finalmente, encontrei uma resposta que procurei por tanto tempo. Eu escrevo para compartilhar porque assim caminhamos juntos, independente de onde estamos vivendo.