"É o que está dentro de conta". Um lembrete muito importante em frente a Liberty de Londres. Imagem Dulci Dantas |
Virou moda viajar para o exterior para comprar o enxoval do bebê. Muitas pessoas falam sobre isso como uma necessidade, uma obrigação, como se não fosse possível comprar o enxoval por aqui mesmo. Todo mundo comenta dos preços, que são muito mais baratos fora do país. Sim, os preços são melhores, e às vezes, a qualidade também. Mas não devemos esquecer dos custos da viagem e da condição de pagamento à vista sem possibilidade de parcelamentos.
Quase todo mundo que me conhece, e que sabe que eu viajo bastante para o extterior a trabalho, ficou surpreso quando eu disse que não faria essa tal viagem de compras de enxoval. Não, eu não iria nem para Miami nem para Nova York. Na verdade, o que aconteceu comigo é que viajei para Londres a trabalho por uma semana, e lá consegui comprar algumas coisas que precisava: Somente roupas e alguns itens de alimentação e higiene. Comprei pouco, se comparado com o que vejo as pessoas comprando em viagens. Além de só conseguir comprar fora do horário de trabalho, o espaço na minha mala era bem limitado. Eu não comprei os itens grandes nem caros, que constituem o principal motivo pelo qual as pessoas viajam para comprar. Deixei o carrinho e o bebê conforto para comprar aqui mesmo no Brasil, com calma e valor parcelado.
O que eu tenho a dizer a respeito de viajar para comprar é o seguinte: Os preços são bons, a qualidade é boa, mas é preciso estar com uma lista bem planejada e com um roteiro organizado. Do contrário, é fácil se perder e acabar andando demais, gastando além da conta, além de comprar errado e voltar para o Brasil com malas explodindo. Saber onde ir, o que comprar (veja um post sobre enxoval AQUI) e até quanto gastar. Para isso, é indispensável uma lista de compras, a relação de endereços e mapa, além de uma calculadora. E uma dica extra: Quando compro em dólar eu multiplico o preço da etiqueta por 3, e quando compro em libras multiplico por 4, independente da cotação do momento. Com isso, eu nunca tenho surpresas quando recebo a conta do cartão.
É muito importante ficar atento aos tamanhos das roupinhas, sobretudo se você, assim como eu, for mãe de primeira viagem. A modelagem varia muito. Por esse motivo, não aconselho comprar tudo de uma única marca, pois se a modelagem não vestir bem o seu bebê você terá o problema em todo o enxoval.
Eu, de minha parte, tive uma boa experiência pois eu sabia exatamente aonde ir, o que eu queria comprar e tinha um orçamento muito bem definido assim como um espaço muito restrito na minha mala. Em outras palavras, não podia comprar muito, pois eu estava em uma viagem de trabalho e não a passeio.
Viajar é bom mas, para mim, lugar de grávida é em casa (ou bem perto de casa). Imagem Dulci Dantas |
Contudo, minha médica não me apoiou a fazer a viagem em nenhum momento. Eu fui por causa do trabalho, com quase cinco meses de gestação. Achei que ela estava exagerando e que não tinha problema nenhum viajar, mas depois que voltei para casa mudei de opinião: "Lugar de grávida é em casa".
Não vou defender nenhum tipo de radicalismo, vou explicar a MINHA experiência e porque mudei de opinião. Inevitavelmente, em uma viagem ao exterior, é comum andar demais. Subir e descer escadarias (de lojas e metrô). Acabei carregando mais peso do que devia. Por mais que eu conheça bem a cidade e os restaurantes, abusei da comida e sempre há aquelas situações em que eu acabei comendo "porcarias" que não devia por pura falta de opção. No final do dia eu estava muito cansada, sempre. Prometia que pegaria leve no dia seguinte, mas quando ficava diante daquela loja de departamentos gigante eu queria aproveitar e acabei exagerando a dose.
À noite, não havia garantia de sono bom e reparador porque tudo era diferente do que eu estava habituada: A cama era diferente, os travesseiros, o ambiente de hotel, além do que eu havia comido no jantar. Quando estou em casa eu tenho o hábito de jantar comidas bem leves, mas durante uma viagem em que você trabalha andando o dia inteiro, a noite bate uma fome maior que o normal. E haja cházinho! O cansaço em excesso não colaborava para um a noite de descanso. Custava para dormir.
Mas algo que poucas pessoas pensam quando vão viajar em situação de gravidez é que, dependendo do clima, você fica muito vulnerável. Estava frio em Londres, e quente devido aos aquecedores dentro das lojas. Eu poderia ter facilmente me resfriado (ou coisa pior), como já aconteceu tantas vezes. Escapei desta vez, dei sorte. Além disso, os ambientes de grandes magazines, shoppings e principalmente aeroportos não tem um ar muito saudável por serem fechados, e também devido a aglomeração de pessoas. Disso eu só me toquei no vôo de volta para casa, lotado, quando uma senhora super doente - tossindo e espirrando muito - sentou do meu lado e viajou doze horas passando muito mal. O ar condicionado do avião estava gélido, apesar de termos reclamado inúmeras vezes com os atendentes de vôo, sem sucesso algum. Ali eu percebi que corri um risco enorme de ficar doente. E não poderia tomar quase que nenhum remédio, pois grávidas tem uma restrição enorme quanto a tratamentos e medicamentos. Quando desembarquei, depois de várias idas ao banheiro, de uma alimentação péssima no avião, de ter virado uma noite em claro e com frio apesar dos casacos, pashmina e cobertor, eu tinha os pés inchados e um cansaço no corpo que me alertou que precisava rever alguns conceitos. Gravidez não é doença e ninguém precisa preciso ficar trancada em casa mas, depois dessa, eu decidi que não iria viajar mais para lugar nenhum. Havia uma prioridade máxima em minha vida que estava exigindo que eu mudasse algumas atitudes, dissesse "não" para algumas situações e pegasse leve na rotina. Por isso eu digo que "lugar de gestante é em casa".